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 A tarde era de chuvas negras que caiam sobre o rio
Queria saber o andar das coisas em questão
Olhou então para o horizonte como quem colhe conhecimento
Todas as coisas, dizia ele, derivam de coisas menores
E ao olhar aquele horizonte percebi então o alvoroço da insignificância
Quanto maior a insignificância, mais significados pode ter
O nada é sempre muito maior do que qualquer coisa
Mas é diferente de coisa alguma.
Assim como o verde do canto dos pássaros naquela tarde
E ao longo do rio seguimos a sós em nossos pensamentos
Permanecemos em silêncio noturno de chuvas negras
Somente então que descobrimos que o rio era na verdade o produto da conversa em questão, e a chuva negra que caia era nada menos que as lágrimas que escorriam de saudade.
Estávamos sós mas na companhia de nós mesmos.

Ike Ferreira