Era um homem de suspensões e tudo que lhe tinha maior valor haveria de estar pelos ares, não acima de tudo, mas apenas suspenso, que não tocasse o chão. Era como dormir de olhos abertos, certos das coisas que lhe trariam a maior dúvida de todas, a própria realidade. Nada era mais real do que os sonhos que o levavam a levitar. Eram apenas sonhos, mas suspendiam o tempo, era uma imagem em ação de uma realidade que ainda estava por vir. E assim sendo, todas as noites deitava em manto pesado, parava para pensar no dia, nos acontecimentos da vida, jogos da memória, e participava assim de pensamentos comuns a outros e invulgar ao seu próprio ser.
Ike Ferreira